Sim, o Brasil está mudando. Pode ser uma minoria, com perfil universitário, classe média e algumas conexões políticas, mas os novos caras-pintadas brasileiros não estão se vendendo fácil. Com população estimada em cerca de 194 milhões de pessoas, 4 mil manifestantes numa passeata representam somente 0,002% do nosso país. Mas por quê estes 0,002% são tão importantes?
A palavra certa é "gota d'água". Não são os 20 centavos de aumento, isto foi a gota d'água e alguns poucos milhares de cidadãos tomaram para si o direito de se manifestarem contra tudo o que está acontecendo no Brasil: a corrupção galopante, a falência da saúde e educação, os gastos astronômicos e sem qualquer satisfação pública, seja com a Copa do Mundo, Olimpíadas ou qualquer outra obra pública em conjunto com empreiteiras. E pior ainda: o dia-a-dia de milhões de brasileiros, que vêem suas Vidas Secas passarem diante dos seus olhos, perdendo horas entre as três conduções para o trabalho, vivendo em condições inseguras e em meio à violência, recebendo apenas o conforto noturno de uma partida de futebol ou mais um capítulo da novela.
Um ponto defendo ferrenhamente: sou completamente contra a violência nas manifestações. Nós sabemos que sim, existem manifestantes que não acreditam mais num caminho pacífico e buscam o vandalismo. Mas são uma minoria, que eu repudio. A pessoa que depreda patrimônio público ou privado, seja quebrando janelas de ônibus ou pichando muros, está tão errada quanto o policial que agride um manifestante que não fez nada. Abusos tem sido cometidos dos dois lados, mas os exemplos que vem de São Paulo em particular tem me assustado bastante, pois muitas ações documentadas da PM-SP são gravíssimas e tem que ser investigadas com todo o rigor da lei - atingindo inclusive os mandantes de tais ordens.
Não sei se existe uma solução simples para tudo o que está acontecendo, mas realmente espero que caso ela surja, seja pacífica e torne nosso país um pouco melhor.
Um comentário:
Não tenho conseguido nem escrever sobre isso, o tanto que fico angustiada. Mas se eu fosse escrever algo, seria mais ou menos isso. E bora trabalhar!
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