25/08/2009

Amor Espontâneo

Sentei em frente ao computador hoje e pensei numa série enorme de comentários mordazes, sarcásticos e revoltados para fazer sobre o cotidiano e sociedade em geral, o que geraria um texto de qualidade duvidosa e que provavelmente seria ignorado ao largo por quase 100% da população mundial (talvez uma meia dúzia de leitores fariam parte da elite que é a exceção a esta regra). Mas ao invés disso tive outra idéia. Decidi deixar por escrito, publicamente, uma coisa que é absolutamente sincera.

Eu amo minha esposa.

Também amo minha família e meus amigos. Amo a música e outras artes. Amo passar tempo em casa, brincar com a minha gata e mal posso esperar para ver os filhotes dela daqui a uma semana. Amo chegar em casa, preparar um jantar a dois e ver um filme, seja bom ou ruim. Amo passar um tempo sozinho, amo mais ainda passar um tempo a dois.

Eu também me amo, é importante se amar. Igualmente amo minha capacidade de ignorar completamente um clichê batido e ainda assim insistir nele, mesmo sabendo que um dia alguém poderá roubar este texto e transformá-lo numa apresentação piegas no PowerPoint. O tipo de coisa que você abre no seu e-mail do trabalho numa segunda-feira de manhã enquanto bebe uma caneca de café pensando, eu poderia estar em casa. Mas eu amo o que eu faço e correndo o risco de ser arrogante, amo ser bom nisso.

Eu amo as coisas simples da vida e as coisas complexas. Discutir o significado oculto de uma obra de arte na visão do artista e como isto afeta o julgamento de terceiros é uma das coisas mais incríveis do mundo. Ficar arrepiado dentro do ônibus ao ouvir uma das minhas músicas favoritas no iPod pode ser tanto embaraçante quanto empolgante.

Amo perceber que sou materialista, pois gosto das minhas coisas: meus CDs, DVDs, livros e instrumentos musicais. Mas o que amo mais ainda é ver que abdicaria a tudo nesta vida por uma só pessoa, igualmente amando o fato de que no futuro ela não estará sozinha nesta categoria, dos amores principais.

Sei que isto não é uma crise idiota de homem na casa dos trinta anos. Também sei que não é uma declaração para desencargo de consciência. Trata-se de uma maravilhosa e recompensante relação com o presente, mas acima de tudo, um amor nostálgico pelo passado e uma paixão ardente pelo futuro.

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