Começo com cinco petardos de uma vez só, os lançamentos mais dignos de nota deste ano:
Está aí um disco digno de nota. O AC/DC surgiu das trevas de várias décadas de acomodação e conforto, escrevendo ocasionais músicas interessantes, porém nada com o mesmo ímpeto roqueiro da década de 70. "Black Ice" é uma lição de rock'n'roll para esta imensidão de bandas novas que "acham" saberem tudo sobre música. O disco é excelente do início ao fim, e o melhor: AC/DC style. Eles não fogem da antiga fórmula que consagrou a banda e talvez seja isto que deu um toque especial à gravação: o retorno às raízes, sem frescuras modistas. Obrigatório ouvir este disco e aproveitar pois está sendo vendido por um preço bastante acessível em todas as lojas do país. 28 anos após "Back in Black", o AC/DC prova que é capaz de voltar em grande estilo.
O quê dizer sobre o Testament? Eles sempre foram uma das melhoras bandas de thrash metal do mundo e com certeza uma das minhas favoritas. Este é o primeiro disco com o retorno da formação "clássica" (com Chuck Billy, Eric Peterson, Alex Skolnick e Greg Christian, porém sem Louis Clemente devido à sua enfermidade). O álbum é um petardo que equilibra com perfeição peso e melodia, no melhor estilo do início do Testament - porém os músicos estão mais maduros e experientes. A banda mostra que está mais viva e enérgica do que nunca, com todos os músicos apresentando performances magistrais e o melhor de tudo - vontade para continuar os trabalhos. Sim, o Testament voltou pra valer, na minha opinião, a melhor banda de thrash metal da atualidade.
Quem me conhece, sabe que sou um grande fã do Savatage. Daquele tipo de fã que tem todos os CDs, vai em todos os shows, etc etc. O Jon Oliva's Pain, conforme anunciado pelo próprio, é a banda que continua com o legado do Savatage, colocado no freezer por tempo indeterminado. O que temos neste disco vai além da música do Savatage - Jon Oliva conseguiu evoluir sua música para algo mais grandioso. Ainda usando riffs e licks recém-descobertos do seu irmão Criss, ele eleva sua música à capacidade de equilibrar momentos de forte vigor e rispidez com melodias e baladas suaves. Parece-me que todo o trabalho dos dois discos anteriores do JOP estava destinado a culminar nesta excelente gravação, que comprova algo que eu já sabia há tempos: o Sr. Jonathan Nicholas Oliva é um gênio - infelizmente, sem o devido reconhecimento.
Havia muita expectativa em torno do lançamento do "Death Magnetic", especialmente após o fiasco total que foi o "St. Anger". Graças a todo o pessimismo dos fãs no mundo inteiro, o Metallica nos surpreende com o melhor lançamento da banda desde o multi-platinado "Black Album". Obviamente o disco não está no mesmo nível que os maiores clássicos da banda, mas pelo menos eles mostraram que estão dispostos a fazer boa música novamente. Riffs poderosos de guitarra, ricas linhas de baixo, vocais precisos, composições cativantes e pasmem: solos. O Metallica está jogando na nossa cara que eles ainda tem gás e coisas boas para oferecer. Eu digo: vamos pagar pra ver.
"Chinese Democracy" talvez seja o disco de rock mais aguardado dos últimos quinze anos. Eu mesmo estava bastante curioso para ouví-lo, pois gosto muito do Guns. Após isso, cheguei a uma conclusão: o Muse flerta com a música eletrônica. O Nine Inch Nails e o Ministry consagraram um casamento maravilhoso e sólido com a música eletrônica. O Rammstein pratica S&M consensual com a música eletrônica. O Guns N' Roses teve uma foda mal dada com a música eletrônica, daquelas que você não liga de volta dois dias depois e ainda tem vergonha de contar para os amigos.
Onde o Axl Rose está com a cabeça? Lançou o disco apenas "por lançar", ou por pressão da gravadora? Será que ele fez isso para provar que podia lançar seu disco no mesmo ano que tantas bandas voltaram a fazer música boa? Uma aviso para ele: seria até possível, mas para isso acontecer, ele precisa antes fazer músicas boas. Espero com toda sinceridade que o "Chinese Democracy" seja o "St. Anger" do Guns N' Roses, e que daqui a alguns anos todos possamos ouvir um bom lançamento deles. Mas do jeito que a coisa anda, com os principais compositores da banda liderando o Velvet Revolver, acho muito improvável. Meu conselho é gratuito: nem se dê ao trabalho de escutar o "Chinese Democracy", e se você respeita o legado de uma das maiores bandas de hard rock de todos os tempos, jamais ouça esta porcaria, pois ela se iguala a toda a mediocridade do cenário musical atual.