Gosto de fazer como Jack o Estripador e ir por partes, ou seja, tópicos.
Local:
Apesar do fato de ser longe do resto da civilização, as instalações da Rio Arena (agora HSBC Arena) são boas. A disposição do palco com relação à pista e à arquibancada parecia dar um bom ângulo de visão para todos os presentes. O grande problema é que a pista só tem um nível (não tem degraus como o Credicard Hall, o Canecão e a Fundição Progresso), então mesmo as pessoas de menor estatura que ficam nela não conseguem ver o show direito, independente de ondem estejam - perto ou longe do palco. A segurança poderia ser sido um pouco mais rígida, e o estoque de refrigerantes e água acabou rápido demais.
Caravana:
Peguei uma caravana saindo de Niterói, organizada pela Sra. Solange. Apesar o ônibus luxuoso e confortável, e absoluta falta de organização e respeito da organização desta caravana fizeram com que eu perdesse metade do show da Black Label Society, a principal razão para eu e minha mulher comprarmos nossos ingressos do Festival. Para piorar, após o final do evento, o ônibus ficou dando voltas e mais voltas, somente chegando em Niterói às 3:10 hrs da madrugada. Péssimo para quem trabalharia no dia seguinte, precisando acordar às 06:00 hrs, impreterivelmente. Todavia, escrevo este relatório durante meu horário de almoço. Não há sono que uma caneca gigante de café não cure. Para os desavisados, sugiro que jamais peguem uma caravana organizada por este grupo. Foi minha primeira viagem com eles e também a última - pelos comentários no ônibus de madrugada, eles perderam uma grande quantidade de clientes, numa patuscada só. Deprimente.
Black Label Society:
O Sr. Zakk Wylde sabe muito bem o que faz quando sobe no palco, assim como sua banda. Todos eles tem uma ótima presença e tocam com exímio profissionalismo, interagindo com os fãs, agitando e exibindo técnica, com bastante equilíbrio entre todos os quesitos já mencionados. Foi realmente uma pena o show ter sido tão curto, tão pequeno - praticamente um pocket show - pois a Black Label Society era há muito aguardada pelos seus fervorosos fãs, que ficam insatisfeitos com a programação. Tantos anos de espera, para assistir algo que apenas deu um "gostinho", mas não serviu sequer como entrada.
Korn:
Se o prato principal da noite seria o show do Ozzy, o Korn foi o responsável pela entrada. Já disse diversas vezes que eu não gosto do Korn, nunca gostei, mas assistiria o show deles com o coração aberto. O resultado? Fiquei sentado com a minha mulher e um amigo, irritado com a música deles e a longa duração do show. A produção do evento poderia, ou deveria, ter estendido o show da Black Label Society, e reduzido um pouco o do Korn. Não digo que odeio a banda, pois "ódio" é um conceito muito forte e perigoso, mas com certeza desprezo a música deles com mais afinco desde ontem. Para piorar, o Korn com seu som estridente e irritante conseguiu estourar as caixas de agudos e os retornos do palco, tornando a vida da próxima banda muito difícil.
Ozzy:
Ele realmente é o Madman. Mesmo com a idade avançada, a deterioração da saúde pelos problemas passados com drogas, álcool e toda a ridicularização de sua imagem na mídia ao longo da última década, Ozzy é um gigante no palco. A banda de suporte também é excepcional, pois Zakk Wylde, Rob Blasko e Mike Bordin dispensam apresentações. Adam Wakeman foi uma grata surpresa, como já era de se esperar (uma questão de dinastia). A banda enfrentou graves problemas, pois em especial o Zakk não tinha retorno algum do som da sua guitarra, o que o obrigou a passar bastante tempo de costas para a platéia, grudado na parede de caixas Marshall. Ok, todo mundo dirá que seu solo foi uma chatice sem tamanho, e eu concordo. Usou padrões bem simples, não inovou, não surpreendeu, demorou demais. Mas quem ouviu sua guitarra ao longo do show inteiro não pode criticá-lo, foi impecável. Já o Ozzy... Bem, todo mundo já ouviu boatos de que ele canta com um playback dos vocais "por baixo", mas ontem de noite isso foi totalmente escancarado. Em vários trechos, especialmente durante "Mr. Crowley", os vocais do Madman ficaram sobrepostos, criando um "eco" estranho e fora de compasso.
Melhor momento:
Ozzy estava visivelmente empolgado com a platéia, mais até do que o normal. Ele não é ator, dava para ver a felicidade estampada na cara do roqueiro quase sexagenário, de encontrar um público tão disposto e empolgado para reagir a cada um de seus movimentos. Então ele decidiu mudar o roteiro e tocar "No More Tears". Quem vem acompanhando esta turnê do Ozzy, sabe que ele não tem tocado este clássico, e isso tanto é verdade que antes de começar a música a produção levou um bom tempo para achar o efeito de video correto a ser usado no telão (e provavelmente o backtrack para os vocais do Ozzy). Foi perfeito.
Pior momento:
No final do show, imediatamente antes de tocar o solo de Paranoid, o Zakk Wylde jogou sua guitarra (ver foto acima) para a platéia, como é tradicional nas apresentações do fiel escudeiro berserker. Na hora da platéia devolver a guitarra, isso não aconteceu. Então ele desceu do palco para pedir a guitarra de volta, e isso não aconteceu. Eis que o Zakk resolve partir pra porrada, para tentar reaver a guitarra. Os seguranças da HSBC Arena e da banda agiram o mais rápido possível, e conseguiram recuperar a guitarra, destruída e com o headstock partido. Então Zakk, puto da vida, pega a guitarra quebrada e a joga no chão, com violência. Só posso definir meu sentimento como a mais pura e insólita vergonha. Brasileiro não sabe se comportar em público, isto é fato. Ainda tive que ouvir comentários de cretinos me dizendo coisas como "essas guitarras não fazem falta, ele tem várias", "essas daí ele ganha de graça", ou o pior, "ele foi burro de achar que negozinho devolveria a guitarra". Não, o Zakk não foi burro, ele tentou interagir com o público, como faz em todos os lugares nos quais toca. Aqui no Brasil, graças a um grupo de retardados que pararam num estágio inferior ao do Homo Sapiens na cadeia de evolução, ele nunca mais tocará com o mesmo gosto e desenvoltura que ontem pudemos observar na HSBC Arena até o momento do incidente. Citando Bóris Casoy, isso é uma VERGONHA.
Saldo da noite:
Não valeu a pena pagar R$ 180,00 mais R$ 36,00 de taxa de conveniência para ver um show minúsculo da Black Label Society, aturar mais de uma hora de Korn, e ainda ver meus irmãos brasileiros se prestando a um papel tão ridículo e vergonhoso. Foi caro demais, e não consigo ter aquele sentimento de satisfação e felicidade típicos que se tem após assistir um show de uma banda da qual sou grande fã. Foi estranho e triste, simplesmente isso.
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