Não é preciso dizer que não concordo com todo o conteúdo do texto abaixo, de autoria da Editora Daemon. Eu desprezo esta editora e os editores/escritores responsáveis por ela, mas concordo com a maioria dos pontos citados. É fato que a intolerância contra jogadores de RPG vem gerando pensamentos intolerantes por partes deste jogadores, e isso é errado. Mas vamos nos ater aos fatos e às provas - vale a pena ler a carta com cuidado e carinho. Afinal de contas, eu jogo RPG e não estou fazendo nada de errado. Quem quiser uma cópia da carta, basta me mandar um e-mail. Abaixo a intolerância cultural e religiosa!
Carta aberta à mídia.
Peço a todos os jogadores de RPG que copiem este texto em seus blogs, sites, flogs, comunidades do orkut e onde mais puderem, pois não seremos mais usados como bodes expiatórios por delegados ineficazes, pastores evangélicos, vereadores oportunistas e jornalistas incompetentes. O texto abaixo dá nome aos bois: às vítimas, aos assassinos e aos oportunistas que usaram os crimes para se promoverem. Chega de notícias distorcidas, incompletas e tendenciosas.
TERESÓPOLIS
Em 14 e 20 de Novembro de 2000, na cidade de Teresópolis (RJ), duas garotas de 14 (Iara dos Santos Silva) e 17 (Fernanda Venâncio Ramos) anos foram estupradas, torturadas e estranguladas com um intervalo de seis dias entre os crimes.
Sônia Ramos, 42, madrasta de Fernanda, a segunda vítima, levantou a suspeita de que as atrocidades pudessem estar ligadas ao jogo por pura ignorância e desespero, porque sua filha (a VÍTIMA) era jogadora de RPG e andava na companhia de outros garotos que jogavam GURPS e Vampiro (sua alegação se baseou no fato de que sua filha andava as voltas "com pessoas que se fantasiavam de vampiros"). Inclusive a polícia chegou a prender injustamente um jogador de RPG, que não vou falar o nome porque o coitado era inocente e não merece ter seu nome publicado, mas que passou quatro dias na cadeia por causa deste absurdo.
O verdadeiro assassino das garotas, HUMBERTO VENTURA DE OLIVEIRA, de 25 anos, confessou o crime 6 dias depois da prisão do RPGista; era o jardineiro da casa e NUNCA sequer passou perto de um livro de RPG.
A imprensa irresponsável, assim como no caso famoso da "Escolinha Base", foi muito rápida em divulgar versões fantasiosas sobre o "jogo da morte", mas NUNCA publicou uma linha sequer se desculpando com os 400.000 jogadores de RPG que foram ofendidos em sua moral e prejudicados diante da sociedade.
OURO PRETO
No dia 10 de outubro de 2001, Aline Silveira Soares viajou do Espírito Santo com sua prima e alguns colegas para Ouro Preto para participar da "Festa do Doze", que é uma espécie de Carnaval fora de hora entre as faculdades da região, com R$40,00 e a roupa do corpo para passar três dias.
Segundo o laudo, Aline consumiu drogas durante o dia anterior ao de sua morte. Esta informação foi confirmada por diversas testemunhas que também participavam da festa, em Ouro Preto (testemunhas que foram solenemente ignoradas pelo delegado Adauto Corrêa após as investigações tomarem o rumo circence). Aline não tinha dinheiro e acreditou que conseguiria fugir do traficante sem pagar pela droga que consumiu, mas no dia de sua morte (14 de Outubro de 2001), foi abordada pelo criminoso no caminho de volta para a república onde estava hospedada (o cemitério fica exatamente no meio do trajeto entre o local da festa e a república). Testemunhas (que também foram ignoradas no inquérito oficial) disseram ter visto Aline conversar com um conhecido traficante da cidade na porta do cemitério algumas horas antes de sua morte.
De acordo com especialistas em crimes relacionados a drogas, Aline provavelmente teria se oferecido para ter relações sexuais com o traficante para pagar a dívida, pois as roupas da garota foram encontradas "cuidadosamente dobradas e dispostas ao lado do local do crime, sem nenhum indício de violência ou de coerção". Aline tomou o cuidado de deixar suas sobre uma das lápides, dobradas com a jaqueta por baixo, para que não sujassem.
Ainda segundo o laudo oficial da perícia técnica, durante a primeira facada que Aline recebeu, o corpo estava na posição acocorada, popularmente conhecida como "de quatro". Segundo especialistas em crimes de estupro, o traficante provavelmente teria tentado obrigar Aline a realizar sexo anal, que possivelmente foi rejeitado pela garota, resultando no primeiro golpe com a faca. O traficante, tendo ferido Aline seriamente, não viu alternativa a não ser terminar de matá-la. Para disfarçar, o assassino colocou o corpo de Aline em posição deitada sobre a lápide (pelas fotos da perícia e rastros de sangue, pode-se atestar que o corpo foi movido APÓS a sua morte) para tentar atrapalhar as investigações.
Quando o corpo foi encontrado, os policiais começaram as investigações pelos locais em que Aline se hospedou e em uma das repúblicas foram encontrados alguns livros de RPG, que o delegado, evangélico confesso, classificou como "material satanista". A partir disto, um vereador oportunista chamado Bentinho Duarte (sem partido) viu nisso uma chance de se promover realizando terrorismo psicológico e, junto com o Promotor Fernando Martins (conhecido por ter tentado proibir a distribuições de jogos como Duke Nuken e Carmagedon), moveu ação contra as empresas Devir Livraria e Daemon editora tentando a proibição de 3 títulos (Vampiro: a Máscara, Gurps Illuminati e Demônios: a Divina Comédia).
Resumindo: um crime que não teve nada a ver com RPG, mas sim com DÍVIDA DE DROGAS resultou até agora na prisão de 4 garotos injustamente (que NÃO são jogadores de RPG, fato comprovado pela mãe da vítima em depoimento ao vivo na rede Bandeirantes de TV) e um completo show de aberrações e absurdos na mídia.
GUARAPARI
Polícia Civil do Espírito Santo prendeu, na noite de 12 de Maio de 2005, dois acusados pelo assassinato do aposentado Douglas Augusto Guedes, da mulher dele, a corretora de imóveis Heloísa Helena Andrade Guedes, e do filho do casal Tiago Guedes, em Guarapari. Os corpos dos três foram encontrados amarrados e deitados em camas no dia 5 de maio. Na mesma data, eles foram sepultados.
O delegado da Divisão de Homicídios de Guarapari, Alexandre Linconl, evangélico, disse ao Portal Terra que os assassinos MAYDERSON DE VARGAS MENDES, 21 anos, e RONALD RIBEIRO RODRIGUES, 22, confessaram que eles mataram a família motivados pelo jogo, mas essa "confissão" não ocorreu imediatamente após o crime.
O crime que Mayderson e Ronald cometeram é o de LATROCÍNIO QUALIFICADO E PREMEDITADO, ou seja, mataram para roubar de uma maneira cruel e sem dar chance de defesa às vítimas, com premeditação. Esse é um crime hediondo, sendo julgado e condenado diretamente por um juiz criminal. Ambos os acusados já tinham ficha criminal (ambos estão respondendo processo por Porte ilegal de Arma).
O que o advogado de defesa da dupla estava fazendo era alegar que eles cometeram o crime influenciado pelo jogo e, com essa ação, tentar reverter o crime para Homicídio Simples, baseado no tal jogo que ninguém sabe o que é. Com isso, os assassinos iriam para um júri popular, que poderia ser muito bem influenciado por todo esse novo circo que a mídia sensacionalista armou e, jogando a culpa em cima do RPG, poderia até inocentar os "pobres coitadinhos vítimas do jogo" Mayderson e Ronald...
O que tem de ficar bem claro é o seguinte: os criminosos entraram na casa, apontaram armas para Tiago e sua família, doparam a família sob a mira do revólver, levaram o garoto até o caixa eletrônico onde roubaram R$ 4.000,00 de sua poupança e depois executaram friamente a família com tiros na cabeça, para não serem reconhecidos. A história do "RPG" só apareceu dois dias depois que os assassinos foram capturados pela polícia, sob orientação do advogado de defesa da dupla.
É bom lembrar, já que a mídia "esqueceu", que, graças à intervenção da Daemon Editora e da conversa de Marcelo Del Debbio, escritor especialista em Role Playing Games, com o delegado de Guarapari ao vivo em uma entrevista na Rede Bandeirantes de TV, o advogado de defesa da dupla abandonou o caso, deixando os dois criminosos sem advogado à espera de um defensor público.
Com estes textos, podemos começar a nos defender dos três falsos "crimes do RPG". Já está na hora destas informações serem passadas para jornalistas sérios que queiram nos ajudar a fazer a verdade aparecer.
Abraços fraternais,
Daemon Editora
29/11/2005
21/11/2005
Equador: Sexto Dia
Primeiro, o jantar de ontem. Saí do hotel morto de fome (o restaurante daqui não abre para jantar nos fins-de-semana), passei pelo Olímpico Atahualpa (o estádio de futebol, é aqui pertinho) e achei uma pizzaria simpática. Pedi uma "tradicional" pequena (presunto, champignon, pepperoni e queijo extra). Quando aquela "coisa" chegou, me assustei: era um pouco maior que um disco de vinil. Mais uma coisa legal do Equador: aqui as pizzas são bem fartas... Não preciso dizer que não aguentei comer tudo. No caminho de volta para o hotel, finalmente senti os efeitos das alturas, pois tive que subir uma ladeira. Cheguei ao hotel totalmente esbaforido, deitei na cama e chapei.
Hoje de manhã fui trabalhar. Tive um pressentimento, e achei que era melhor ir para a base - e estava certo. Ainda havia trabalho a ser feito. Terminei na hora do almoço e voltei direto para o hotel, pois comecei a me sentir mal. Deve ser efeito retardado da vacina contra febre amarela, o fato é que não estou bem. Portanto passei o resto do meu dia verificando os e-mails do trabalho até que a rede local do hotel caísse. Fui descansar mais um pouco, e cá estou eu me preparando para o jantar e mais caminha.
Amanhã de noite volto para o Brasil. Chego na quarta-feira de manhã, tentarei ler "Eragon" no vôo. Se não tiver paciência, lerei algo do Sandman. Hasta luego.
Hoje de manhã fui trabalhar. Tive um pressentimento, e achei que era melhor ir para a base - e estava certo. Ainda havia trabalho a ser feito. Terminei na hora do almoço e voltei direto para o hotel, pois comecei a me sentir mal. Deve ser efeito retardado da vacina contra febre amarela, o fato é que não estou bem. Portanto passei o resto do meu dia verificando os e-mails do trabalho até que a rede local do hotel caísse. Fui descansar mais um pouco, e cá estou eu me preparando para o jantar e mais caminha.
Amanhã de noite volto para o Brasil. Chego na quarta-feira de manhã, tentarei ler "Eragon" no vôo. Se não tiver paciência, lerei algo do Sandman. Hasta luego.
20/11/2005
Equador: Quinto Dia
O quinto dia de viagem começa com um pequeno relato do final do quarto dia. Ontem à noite fui para um restaurante mexicano, muito simpático, e pedi um burrito. A garçonete me perguntou se eu tinha certeza, pois era "desse tamanho" (mostrou com as mãos um espaço de quatro a cinco palmos de comprimento). Eu disse que estava tudo bem... Me assustei, pois o burrito era mesmo do tamanho de um pão baguete. Horas depois, consegui terminar de comer aquela delícia, que só custou dezesseis reais - qualquer restaurante mexicano no Brasil cobra o mesmo preço por um burrito com um quarto do tamanho daquele que comi ontem.
Depois decidi que era hora de procurar alguma boite, para beber uma cerveja e ouvir o que os equatorianos gostam numa balada. Me deram o flyer de um lugar chamado "Bloom's", e lá vou eu. A entrada era apenas três dólares, e ainda dava uma bebida (cerveja, rum ou vodka) de graça. Entrei, pedi a cerveja e fiquei no meu cantinho ao lado do bar vendo a boite encher aos poucos. O lugar era pequeno, mas simpático. Bem, pelo menos o pessoal do bar - o DJ era um carrancudo mal humorado que parecia estar fazendo um favor enorme por trabalhar lá.
A balada começou com bastante electro e techno, ou seja, nada de anormal. Mas quando a discoteca ficou cheia, e isso por volta de dez horas da noite, o DJ começa a fazer uma série de viradas com uma música estranha, mas que levava todos à loucura. Era o tal de reggaeton. Imaginem uma mistura de rumba, reggae, com batidas de tambores metálicos (tradicionais do caribe) bem fortes e cadenciadas, tudo acompanhado por letras... Hum... Bastante calientes. Isso é reggaeton, e pessoalmente eu achei um lixo. Entretanto, perseverei. Algum tempo depois começou a tocar um pouco mais de electro e techno, para meu alívio. Porém mais tarde, outra surpresa desagradável.
Funk. E todos foram à loucura.
Já tinham me dito que o funk é bastante famoso aqui, por causa de alguns grupos de dança "funk" do Brasil vieram ao Equador para tentar a vida, e conseguiram. Os mais famosos são o "Tá Dominado" e o "Exporto Brasil". Eles ficaram tão famosos que o pessoal do primeiro grupo foi chamado para fazer uma novela na televisão. Bizarro, no mínimo. Outra brasileira bastante falada por aqui é uma tal de Paloma, que apresente um programa na televisão e é considerada a apresentadora mais importante do país. Obviamente, ela é muito bonita. O mais engraçado é que os equatoriano pensam que a Palomita e os grupos de dança são super-famosos no Brasil, e se decepcionam quando digo que ninguém jamais ouviu falar deles.
Depois dessa, fui embora da boite, e já era cerca de meia-noite. Peguei um taxi, e o motorista contou (para meu horror e incompreensão) que todos os bares, restaurante e discotecas tem que fechar até as duas da manhã. Pelo menos assim diz a lei. Quando conto que no Rio os bares e boites só fecham por volta de cinco, seis da manhã, os equatorianos acham que o Rio é a cidade mais segura do mundo para se divertir. Seria que se fosse assim, não?
Hoje acordei e fui para a cidade da Mitad del Mundo. Basicamente, há um parque com um monumento, por onde "passa" a linha do Equador. Ela está pintada no chão e tudo, eu tirei foto com um pé de cada lado e todas as outras bobagens que um turista faz. Mas fiquei pouco tempo lá, pois as lojas são caras - muito caras. Em Otavalo tudo é mais barato, porque você pode barganhar. Aliás, você deve barganhar. Posso dizer que a Metade do Mundo é bastante sem graça, mas já que estava lá e paguei a entrada eu dei umas voltinhas, para não achar nada de interessante a fazer.
Voltei para o hotel, assisti televisão e comecei a organizar as fotos da minha máquina. Nada mais. Agora vou sair e procurar algum restaurante aqui por perto, pois não quero dormir tarde. Amanhã pretendo ir ao centro histórico de Quito, mas bem que gostaria que tivesse vaga num vôo para mim. Estou ficando entediado, acho que o Equador "já deu o que tinha que dar". Hasta luego.
Depois decidi que era hora de procurar alguma boite, para beber uma cerveja e ouvir o que os equatorianos gostam numa balada. Me deram o flyer de um lugar chamado "Bloom's", e lá vou eu. A entrada era apenas três dólares, e ainda dava uma bebida (cerveja, rum ou vodka) de graça. Entrei, pedi a cerveja e fiquei no meu cantinho ao lado do bar vendo a boite encher aos poucos. O lugar era pequeno, mas simpático. Bem, pelo menos o pessoal do bar - o DJ era um carrancudo mal humorado que parecia estar fazendo um favor enorme por trabalhar lá.
A balada começou com bastante electro e techno, ou seja, nada de anormal. Mas quando a discoteca ficou cheia, e isso por volta de dez horas da noite, o DJ começa a fazer uma série de viradas com uma música estranha, mas que levava todos à loucura. Era o tal de reggaeton. Imaginem uma mistura de rumba, reggae, com batidas de tambores metálicos (tradicionais do caribe) bem fortes e cadenciadas, tudo acompanhado por letras... Hum... Bastante calientes. Isso é reggaeton, e pessoalmente eu achei um lixo. Entretanto, perseverei. Algum tempo depois começou a tocar um pouco mais de electro e techno, para meu alívio. Porém mais tarde, outra surpresa desagradável.
Funk. E todos foram à loucura.
Já tinham me dito que o funk é bastante famoso aqui, por causa de alguns grupos de dança "funk" do Brasil vieram ao Equador para tentar a vida, e conseguiram. Os mais famosos são o "Tá Dominado" e o "Exporto Brasil". Eles ficaram tão famosos que o pessoal do primeiro grupo foi chamado para fazer uma novela na televisão. Bizarro, no mínimo. Outra brasileira bastante falada por aqui é uma tal de Paloma, que apresente um programa na televisão e é considerada a apresentadora mais importante do país. Obviamente, ela é muito bonita. O mais engraçado é que os equatoriano pensam que a Palomita e os grupos de dança são super-famosos no Brasil, e se decepcionam quando digo que ninguém jamais ouviu falar deles.
Depois dessa, fui embora da boite, e já era cerca de meia-noite. Peguei um taxi, e o motorista contou (para meu horror e incompreensão) que todos os bares, restaurante e discotecas tem que fechar até as duas da manhã. Pelo menos assim diz a lei. Quando conto que no Rio os bares e boites só fecham por volta de cinco, seis da manhã, os equatorianos acham que o Rio é a cidade mais segura do mundo para se divertir. Seria que se fosse assim, não?
Hoje acordei e fui para a cidade da Mitad del Mundo. Basicamente, há um parque com um monumento, por onde "passa" a linha do Equador. Ela está pintada no chão e tudo, eu tirei foto com um pé de cada lado e todas as outras bobagens que um turista faz. Mas fiquei pouco tempo lá, pois as lojas são caras - muito caras. Em Otavalo tudo é mais barato, porque você pode barganhar. Aliás, você deve barganhar. Posso dizer que a Metade do Mundo é bastante sem graça, mas já que estava lá e paguei a entrada eu dei umas voltinhas, para não achar nada de interessante a fazer.
Voltei para o hotel, assisti televisão e comecei a organizar as fotos da minha máquina. Nada mais. Agora vou sair e procurar algum restaurante aqui por perto, pois não quero dormir tarde. Amanhã pretendo ir ao centro histórico de Quito, mas bem que gostaria que tivesse vaga num vôo para mim. Estou ficando entediado, acho que o Equador "já deu o que tinha que dar". Hasta luego.
19/11/2005
Equador: Terceiro e Quarto Dia
Sexta-feira foi um dia complicado. Acordei cedo, trabalhei o dia inteiro que nem um condenado para poder cumprir um prazo, só parando para comer. Fui conseguir descansar por volta de onze da noite, e estava um caco completo. Pelo menos tive a satisfação de completar com sucesso o trabalho que vim fazer aqui, o que foi muito bom. Mas bem que tomei um susto danado.
Os equatorianos tem o hábito de comer mote (milho cozido) antes do almoço, por volta de dez horas da manhã. Além do mote, você pode pedir papas (batatas) cozidas. E tudo vem com um molho picante delicioso, chamado ají. Decidi perguntar para o meu amigo Rafa a receita do molho, pois queria fazê-lo no Brasil. Ele me disse então que era feito de cebola, tomate e cacahuete. Perguntei o que diabos era isso, e ele me fala em inglês: peanut.
Mierda. Eu sou alérgico a amendoim. A sorte é que a receita leva muito pouco amendoim, e no fim das contas não passei mal... Mas agora quero distância de ají.
Hoje fui com o Rafa e sua família para Otavalo, uma cidade cerca de uma hora ao norte de Quito. Lá existe a maior feira de artesanato indígena do Equador, a tribo dos Otavalos (duh...). Tudo é muito bonito e bem feito - achei o preço baixo da prata impressionante. Comprei um charango, que é uma espécie de viola caipira típica do Equador (dez cordas, o instrumento é do comprimento do meu cotovelo até minha mão).Mas o que mais gostei foi da paisagem no caminho. Quito fica na região montanhosa do Equador, e Otavalo também. Lindo, muito lindo esse país.
Hoje vou sair, procurar um bar para beber uma cerveza, e voltar ao hotel. Amanhã vou conhecer la Mitad del Mundo, e segunda-feira vou trabalhar um pouco mais na base aqui de Quito. Hasta luego.
Os equatorianos tem o hábito de comer mote (milho cozido) antes do almoço, por volta de dez horas da manhã. Além do mote, você pode pedir papas (batatas) cozidas. E tudo vem com um molho picante delicioso, chamado ají. Decidi perguntar para o meu amigo Rafa a receita do molho, pois queria fazê-lo no Brasil. Ele me disse então que era feito de cebola, tomate e cacahuete. Perguntei o que diabos era isso, e ele me fala em inglês: peanut.
Mierda. Eu sou alérgico a amendoim. A sorte é que a receita leva muito pouco amendoim, e no fim das contas não passei mal... Mas agora quero distância de ají.
Hoje fui com o Rafa e sua família para Otavalo, uma cidade cerca de uma hora ao norte de Quito. Lá existe a maior feira de artesanato indígena do Equador, a tribo dos Otavalos (duh...). Tudo é muito bonito e bem feito - achei o preço baixo da prata impressionante. Comprei um charango, que é uma espécie de viola caipira típica do Equador (dez cordas, o instrumento é do comprimento do meu cotovelo até minha mão).Mas o que mais gostei foi da paisagem no caminho. Quito fica na região montanhosa do Equador, e Otavalo também. Lindo, muito lindo esse país.
Hoje vou sair, procurar um bar para beber uma cerveza, e voltar ao hotel. Amanhã vou conhecer la Mitad del Mundo, e segunda-feira vou trabalhar um pouco mais na base aqui de Quito. Hasta luego.
18/11/2005
Equador: Segundo Dia
Não quero ser chato, mas vou começar hoje, e me desculpem o palavrão, falando de "política". A situação aqui no Equador é verdadeiramente tensa. Eles ainda não tem presidente, e existe uma vontade geral de toda a população em escolher novos representantes em 2006 que limpem toda a corrupção do país. Outro problema daqui é que os empresários querem que o país entre para a ALCA, e a população faz manifestações anti-ALCA e anti-EUA quase todo dia. Esta era uma das impressões equivocadas que eu mesmo tinha deste país, pois aqui as pessoas são bastante argutas e pouco alienadas. Todos se preocupam com o estado da nação e em conservar a cidade. Um bom exemplo é que a Universidad Central de Quito é a terceira melhor de toda a américa latina.
Agora sem chatices. Não vou mencionar os detalhes do trabalho pois considero isso bastante anti-ético. Posso dizer que são todos muito simpáticos, me tratam muito bem e fazem perguntas sobre o Rio de Janeiro e o Brasil o tempo todo. Os equatorianos são tão fanáticos por futebol quanto os brasileiros, e estão muito empolgados com o fatos de que vão jogar sua segunda Copa do Mundo. Ontem na hora do almoço fui ao shopping com o Rafa, que é o meu ciccerone por essas bandas. Acabei comprando um agasalho para o frio danado que está fazendo e uma camisa do Nacional de Quito, um dos maiores times do país - só perde em torcida para o Barcelona de Guayaquil, que é uma espécie de Flamengo equatoriano.
A comida continua muito boa. Praticamente tudo o que eles fazem aqui é acompanhado de milho e batatas, o que não é de se surpreender, visto que a cultura Inca é a base do país. Eles adoram frutos do mar, e os mariscos, peixes e camarões daqui são deliciosos. A maior parte da população é composta por mestiços, mas ainda há muitas tribos de índios espalhadas pelo país. Amanhã visitarei a cidade onde fica o marco da linha do Equador, e é também onde vive uma tribo que faz artesanato tradicional.
Ontem, depois do trabalho, fui jogar sinuca com o pessoal. Bem, na verdade não era "sinuca", e sim um jogo chamado "Bajas y Altas". Na mesa são postas bolas numeradas de um a quinze - uma das duplas tem que matar as bolas de um a sete, a outra as bolas de nove a quinze. Quem limpar suas respectivas bolas pode matar a oito, e então ganhar o jogo. Mas se você mata a oito antes de limpar suas bolas, perde o jogo.
O fato é, e eu nunca pensei que diria isso, aqui no Equador virei um "super-jogador" de sinuca. Minha grande deficiência no jogo sempre foi matar as bolas, e minha especialidade sair de situações complicadas e colocar o adversário nelas. Mas ontem, quando dei minha primeira tacada, matei uma bola que poderia ser considerada difícil. Achei estranho e inspecionei as caçapas - suas bocas eram cerca de cinco centímetros mais largas que as bocas de caçapas de mesas do Brasil! Então entendi que seria fácil matar as bolas, e portanto joguei muito bem, sem falsas modéstias. Eu a Rafa ganhamos onze partidas, e a outra dupla apenas uma. Acho que nunca mais vou conseguir jogar sinuca no Brasil, eu quero uma mesa equatoriana!
Depois descobri outra paixão dos Equatorianos - karaokê. Cantei "Bohemian Rhapsody" e "You Give Love a Bad Name", foi legal. Mas aparentemente todo mundo aqui gosta de música brega. Todas as músicas são canções de amor, de dor-de-cotovelo, dor-de-corno, e coisas do gênero, do tipo que você espreme e saem lágrimas. Eles adoram. Eles cantam a plenos pulmões e se divertem com isso, independente de idade - jovens e velhos. Realmente impressionante.
Além disso, descobri que aqui praticamente só se bebe duas cervejas: Pilsener e Brahma! Fala sério, eu não vim ao Equador para beber Brahma. O resto do pessoal achou engraçado que eu falasse tão mal da Brahma, eles achavam que era a melhor cerveja do Brasil. Todavia, me recomendaram fortemente a Pilsener, e eu aceitei. É uma das melhores cervejas que já provei, leve e encorpada, lembra bastante a minha favorita Miller.
Ontem foi tudo. Hoje a amanhã tenho muitas coisas programadas, mas não vou ficar adiantando aqui pois não sou bobo. O grande segredo da boa estória é manter o leitor preso, querendo saber o próximo passo. Hasta luego.
Agora sem chatices. Não vou mencionar os detalhes do trabalho pois considero isso bastante anti-ético. Posso dizer que são todos muito simpáticos, me tratam muito bem e fazem perguntas sobre o Rio de Janeiro e o Brasil o tempo todo. Os equatorianos são tão fanáticos por futebol quanto os brasileiros, e estão muito empolgados com o fatos de que vão jogar sua segunda Copa do Mundo. Ontem na hora do almoço fui ao shopping com o Rafa, que é o meu ciccerone por essas bandas. Acabei comprando um agasalho para o frio danado que está fazendo e uma camisa do Nacional de Quito, um dos maiores times do país - só perde em torcida para o Barcelona de Guayaquil, que é uma espécie de Flamengo equatoriano.
A comida continua muito boa. Praticamente tudo o que eles fazem aqui é acompanhado de milho e batatas, o que não é de se surpreender, visto que a cultura Inca é a base do país. Eles adoram frutos do mar, e os mariscos, peixes e camarões daqui são deliciosos. A maior parte da população é composta por mestiços, mas ainda há muitas tribos de índios espalhadas pelo país. Amanhã visitarei a cidade onde fica o marco da linha do Equador, e é também onde vive uma tribo que faz artesanato tradicional.
Ontem, depois do trabalho, fui jogar sinuca com o pessoal. Bem, na verdade não era "sinuca", e sim um jogo chamado "Bajas y Altas". Na mesa são postas bolas numeradas de um a quinze - uma das duplas tem que matar as bolas de um a sete, a outra as bolas de nove a quinze. Quem limpar suas respectivas bolas pode matar a oito, e então ganhar o jogo. Mas se você mata a oito antes de limpar suas bolas, perde o jogo.
O fato é, e eu nunca pensei que diria isso, aqui no Equador virei um "super-jogador" de sinuca. Minha grande deficiência no jogo sempre foi matar as bolas, e minha especialidade sair de situações complicadas e colocar o adversário nelas. Mas ontem, quando dei minha primeira tacada, matei uma bola que poderia ser considerada difícil. Achei estranho e inspecionei as caçapas - suas bocas eram cerca de cinco centímetros mais largas que as bocas de caçapas de mesas do Brasil! Então entendi que seria fácil matar as bolas, e portanto joguei muito bem, sem falsas modéstias. Eu a Rafa ganhamos onze partidas, e a outra dupla apenas uma. Acho que nunca mais vou conseguir jogar sinuca no Brasil, eu quero uma mesa equatoriana!
Depois descobri outra paixão dos Equatorianos - karaokê. Cantei "Bohemian Rhapsody" e "You Give Love a Bad Name", foi legal. Mas aparentemente todo mundo aqui gosta de música brega. Todas as músicas são canções de amor, de dor-de-cotovelo, dor-de-corno, e coisas do gênero, do tipo que você espreme e saem lágrimas. Eles adoram. Eles cantam a plenos pulmões e se divertem com isso, independente de idade - jovens e velhos. Realmente impressionante.
Além disso, descobri que aqui praticamente só se bebe duas cervejas: Pilsener e Brahma! Fala sério, eu não vim ao Equador para beber Brahma. O resto do pessoal achou engraçado que eu falasse tão mal da Brahma, eles achavam que era a melhor cerveja do Brasil. Todavia, me recomendaram fortemente a Pilsener, e eu aceitei. É uma das melhores cervejas que já provei, leve e encorpada, lembra bastante a minha favorita Miller.
Ontem foi tudo. Hoje a amanhã tenho muitas coisas programadas, mas não vou ficar adiantando aqui pois não sou bobo. O grande segredo da boa estória é manter o leitor preso, querendo saber o próximo passo. Hasta luego.
16/11/2005
Ecuador: Primeiro Dia
Acordei bem cedo, para não chegar atrasado ao aeroporto do Galeão. Lá, encontrei com dois amigos que não via há bastante tempo, e finalmente consegui embarcar. O primeiro avião, trajeto Rio x São Paulo x Bogotá era um luxuoso 767, e para mostrar que finalmente a maré de azar estava chegando a um fim, o lugar ao meu lado ficou vazio, o que me garantiu uma bela viagem com vista de janela. Tinha me esquecido de como é bom voar, mas admito que depois da sensação gostosa da aceleração após a decolagem, o mais engraçado é ver as pessoas desesperadas e rezando para tudo dar certo, apesar de você ter mais chances de sofrer um acidente dirigindo um carro ou simplesmente andando na rua. O avião é mais seguro no ar do que todo o resto na terra. Eu sei que achar esse tipo de medo é uma coisa feia, mas quem disse que eu sou perfeito?
A viagem foi bastante longa, saindo do Rio às 9 da manhã e chegando em Bogotá às 5:30 da tarde (horário de Brasília). Apesar disso, confortável: vi um filminho legal sobre um time de baseball com garotos que não sabem jogar, e que tem um treinador fracassado bêbado. Já posso contar nos dedos das mãos e dos pés quantas vezes vi filmes parecidos com esses, e devo confessar: eu adoro eles! Tirando isso, terminei de ler meu exemplar de "O Triumfo de Sharpe", do Bernard Cornwell. Mas o tempo todo, estava uma verdadeira pilha de nervos, e vou explicar o motivo.
Para chegar ao Equador, é necessário passar pela Colômbia. Para entrar na Colômbia, é necessário apresentar um certificado de vacinação contra a febre amarela. Eu tomei a vacina na segunda-feira, e ela só passa a ter validade dez dias depois. Antes de viajar me consultei com pessoas do ramo, e todas disseram que eu só seria barrado na Colômbia caso tivesse muito, mas muito azar mesmo. E hoje eu estava achando que teria esse tipo de azar.
Cheguei à Colômbia. Confesso que foi um alívio me ver livre do grupo de senhoras da terceira idade que estava no meu avião - um monte de velhinhas enjoadas que empurravam todo mundo e eram super-grossas. Fui passar pelo detector de metais, a guarda feminina pediu que eu tirasse meu cinto. Podem não acreditar, mas eu fiquei envergonhado - nunca tinha tirado o cinto da minha calça em público! Depois a revista à bolsa do laptop foi longa e cuidadosa. Ela foi revistada duas vezes, e em ambas foi aberta, tudo foi retirado, e os guardas procuraram por bolsos falsos.
Mas ninguém pediu pra ver o maldito certificado de vacinação.
Com um sorriso de orelha-a-orelha, similar ao do Dustin Hoffman no final de "A Primeira Noite de um Homem", fui aguardar o embarque para o vôo de translado para Quito. Duas horas depois, entrei num 757 pequeno, quente, apertado, e caindo aos pedaços. Pelo menos o serviço de bordo era bom, e tinha uma composta colombiana feita com mamão que era uma delícia. Mais algumas horas, chego ao Equador, e já eram 7:30 horas da noite, 22:30 no horário de Brasília.
Um operador da minha empresa veio me buscar de carro. Me trouxe até o hotel e viemos conversando bastante, o cara é gente fina mesmo. Achei interessante que Quito se parece muito com a zona norte do Rio de Janeiro, só que limpa. Aqui também está fazendo frio, pois a cidade é alta - um clima maravilhoso, parecido com Petrópolis ou Itaipava no momento. Imagino que no inverno seja bem pior. Cheguei ao hotel onde fui muito bem recebido, estou num lugar muito simpático no qual as pessoas te tratam bem, sem ficar correndo atrás de você e babando seu ovo toda vez que você abre a boca.
Jantei assistindo o primeiro tempo de um jogo de futebol local (Deportivo Cuenca x Liga Deportiva Universitaria de Quito) com o garçom e o chef. Ambos devem ser mais novos que eu. O gerente obviamente é mais velho, e a simpatia em pessoa. Gafe do dia: o garçom chega pra mim e pergunta: "Qual es su habitación, ¿cavallero?" e eu de bate-pronto solto: "Rio de Janeiro, Brasil". Então ele diz: "No señor, habitación para la conta". Como diabos eu ia descobrir que "habitación" significa "quarto"?
Meu quarto é grande, confortável, e finalmente tirei uma dúvida que me inquietava há tempos. Todos sabemos que no hemisfério sul a água escorre pelo ralo em sentido horário, e no hemisfério norte em sentido anti-horário. Mas e na linha do Equador? Estou precisamente numa cidade que divide os dois hemisférios, e sempre imaginei em qual sentido a porcaria da água escorreria.
Quem nunca pensou nisso, ora bolas?
Poderia ser um dos grandes mistérios da humanidade.
Tchan-tchan-tchan-tchan...
Sentido anti-horário. Amanhã tem mais.
A viagem foi bastante longa, saindo do Rio às 9 da manhã e chegando em Bogotá às 5:30 da tarde (horário de Brasília). Apesar disso, confortável: vi um filminho legal sobre um time de baseball com garotos que não sabem jogar, e que tem um treinador fracassado bêbado. Já posso contar nos dedos das mãos e dos pés quantas vezes vi filmes parecidos com esses, e devo confessar: eu adoro eles! Tirando isso, terminei de ler meu exemplar de "O Triumfo de Sharpe", do Bernard Cornwell. Mas o tempo todo, estava uma verdadeira pilha de nervos, e vou explicar o motivo.
Para chegar ao Equador, é necessário passar pela Colômbia. Para entrar na Colômbia, é necessário apresentar um certificado de vacinação contra a febre amarela. Eu tomei a vacina na segunda-feira, e ela só passa a ter validade dez dias depois. Antes de viajar me consultei com pessoas do ramo, e todas disseram que eu só seria barrado na Colômbia caso tivesse muito, mas muito azar mesmo. E hoje eu estava achando que teria esse tipo de azar.
Cheguei à Colômbia. Confesso que foi um alívio me ver livre do grupo de senhoras da terceira idade que estava no meu avião - um monte de velhinhas enjoadas que empurravam todo mundo e eram super-grossas. Fui passar pelo detector de metais, a guarda feminina pediu que eu tirasse meu cinto. Podem não acreditar, mas eu fiquei envergonhado - nunca tinha tirado o cinto da minha calça em público! Depois a revista à bolsa do laptop foi longa e cuidadosa. Ela foi revistada duas vezes, e em ambas foi aberta, tudo foi retirado, e os guardas procuraram por bolsos falsos.
Mas ninguém pediu pra ver o maldito certificado de vacinação.
Com um sorriso de orelha-a-orelha, similar ao do Dustin Hoffman no final de "A Primeira Noite de um Homem", fui aguardar o embarque para o vôo de translado para Quito. Duas horas depois, entrei num 757 pequeno, quente, apertado, e caindo aos pedaços. Pelo menos o serviço de bordo era bom, e tinha uma composta colombiana feita com mamão que era uma delícia. Mais algumas horas, chego ao Equador, e já eram 7:30 horas da noite, 22:30 no horário de Brasília.
Um operador da minha empresa veio me buscar de carro. Me trouxe até o hotel e viemos conversando bastante, o cara é gente fina mesmo. Achei interessante que Quito se parece muito com a zona norte do Rio de Janeiro, só que limpa. Aqui também está fazendo frio, pois a cidade é alta - um clima maravilhoso, parecido com Petrópolis ou Itaipava no momento. Imagino que no inverno seja bem pior. Cheguei ao hotel onde fui muito bem recebido, estou num lugar muito simpático no qual as pessoas te tratam bem, sem ficar correndo atrás de você e babando seu ovo toda vez que você abre a boca.
Jantei assistindo o primeiro tempo de um jogo de futebol local (Deportivo Cuenca x Liga Deportiva Universitaria de Quito) com o garçom e o chef. Ambos devem ser mais novos que eu. O gerente obviamente é mais velho, e a simpatia em pessoa. Gafe do dia: o garçom chega pra mim e pergunta: "Qual es su habitación, ¿cavallero?" e eu de bate-pronto solto: "Rio de Janeiro, Brasil". Então ele diz: "No señor, habitación para la conta". Como diabos eu ia descobrir que "habitación" significa "quarto"?
Meu quarto é grande, confortável, e finalmente tirei uma dúvida que me inquietava há tempos. Todos sabemos que no hemisfério sul a água escorre pelo ralo em sentido horário, e no hemisfério norte em sentido anti-horário. Mas e na linha do Equador? Estou precisamente numa cidade que divide os dois hemisférios, e sempre imaginei em qual sentido a porcaria da água escorreria.
Quem nunca pensou nisso, ora bolas?
Poderia ser um dos grandes mistérios da humanidade.
Tchan-tchan-tchan-tchan...
Sentido anti-horário. Amanhã tem mais.
14/11/2005
Equador: Pré-Viagem
OK, você venceu Murphy. Preparar uma viagem ao exterior é um porre, mesmo sendo através da empresa, e você tendo o suporte teórico de algumas pessoas. É muita coisa para se pensar ao mesmo tempo, e nem todo mundo parecer ser capaz de entender que sua cabeça está funcionando a mil por hora - o que me lembra, eu a-do-ro pessoas compreensivas e pacientes. Pontos negativos da pré-viagem:
- Correr por todo o aeroporto internacional do Galeão procurando os lugares;
- Descobrir que o posto de saúde só abre daqui a quatro horas;
- Agendar a passagem com a atendente grossa da agência de viagens;
- Tomar vacina contra febre amarela com a enfermeira tarada de meia-idade;
- Tentar trocar dólares no Banco do Brasil e descobrir que você precisa da passagem para tal;
- Esperar horas num saguão gelado, assistindo "Junior" na televisão, enquanto sua passagem não chega;
- Descobrir que você tem um cadastro no Banco do Brasil, feito oito anos atrás, e que não permite que você faça transações, a menos que seja apresentado um comprovante de residência, por exemplo, a conta de telefone que você deixa na sua casa a duzentos quilômetros de distância do aeroporto.
Pontos positivos:
- Conseguir o certificado de vacinação sem ser atacado pela enfermeira;
- Conseguir a passagem sem brigar com a atendente da agência de viagens;
- Falar pro caixa do Banco do Brasil que você nunca mais pisará numa agência deles;
- Conseguir os dólares noutro banco mais simpático e com taxas melhores;
- Deixar os dólares no cofre do hotel (é uma sensação aliviante).
E o que é necessário para atingir tantos objetivos?
- Simular um jeito meio afeminado de falar com a enfermeira;
- Deixar que outro atendente da agência de viagens brigue com a atendente grossa;
- Ser cidadão brasileiro e consciente que o Banco do Brasil é uma merda;
- Andar o aeroporto internacional inteiro (literalmente), de ponta a ponta, até achar um banco de câmbio aberto;
- Bom senso para cuidar bem do dinheiro da sua empresa.
Enfim, por enquanto é isso. Mais notícias de "El Barto en Ecuador" a partir de quarta-feira, talvez. Isso se eu tiver tempo para respirar, o que é meio improvável.
- Correr por todo o aeroporto internacional do Galeão procurando os lugares;
- Descobrir que o posto de saúde só abre daqui a quatro horas;
- Agendar a passagem com a atendente grossa da agência de viagens;
- Tomar vacina contra febre amarela com a enfermeira tarada de meia-idade;
- Tentar trocar dólares no Banco do Brasil e descobrir que você precisa da passagem para tal;
- Esperar horas num saguão gelado, assistindo "Junior" na televisão, enquanto sua passagem não chega;
- Descobrir que você tem um cadastro no Banco do Brasil, feito oito anos atrás, e que não permite que você faça transações, a menos que seja apresentado um comprovante de residência, por exemplo, a conta de telefone que você deixa na sua casa a duzentos quilômetros de distância do aeroporto.
Pontos positivos:
- Conseguir o certificado de vacinação sem ser atacado pela enfermeira;
- Conseguir a passagem sem brigar com a atendente da agência de viagens;
- Falar pro caixa do Banco do Brasil que você nunca mais pisará numa agência deles;
- Conseguir os dólares noutro banco mais simpático e com taxas melhores;
- Deixar os dólares no cofre do hotel (é uma sensação aliviante).
E o que é necessário para atingir tantos objetivos?
- Simular um jeito meio afeminado de falar com a enfermeira;
- Deixar que outro atendente da agência de viagens brigue com a atendente grossa;
- Ser cidadão brasileiro e consciente que o Banco do Brasil é uma merda;
- Andar o aeroporto internacional inteiro (literalmente), de ponta a ponta, até achar um banco de câmbio aberto;
- Bom senso para cuidar bem do dinheiro da sua empresa.
Enfim, por enquanto é isso. Mais notícias de "El Barto en Ecuador" a partir de quarta-feira, talvez. Isso se eu tiver tempo para respirar, o que é meio improvável.
Assinar:
Postagens (Atom)